30 anos do Plano Real: Como a nova moeda auxiliou na retomada da economia brasileira

Há 30 anos, o Brasil testemunhava um marco histórico na economia: o lançamento do Plano Real. Em 1º de julho de 1994, a nova moeda, o real, entrava em circulação, marcando o fim de anos de hiperinflação e incertezas econômicas.

Hoje, olhando para trás, é inegável entender o Plano Real como um dos fatos históricos que mais influenciou diretamente a vida dos brasileiros e que, por meio do real, acabou por trazer estabilidade financeira ao País como um todo.

O Brasil antes do real

Antes do Plano Real, o Brasil enfrentava uma inflação vertiginosa que, no acumulado em doze meses, chegou a 4.922% em junho de 1994. Nessa época, era comum ver preços mudando diariamente, às vezes, até mais de uma vez por dia. Esse cenário de instabilidade econômica gerava uma série de problemas para empresas, consumidores e também para próprio governo.

Empresários tinham dificuldade em planejar os negócios, já que não sabiam qual seria o valor dos produtos no dia seguinte. Para os trabalhadores e consumidores, aquela situação significava a necessidade de fazer um constante malabarismo para equilibrar o orçamento familiar. E o governo, por sua vez, via-se obrigado a imprimir mais dinheiro para tentar lidar com a situação, alimentando ainda mais a inflação.

O Plano Real e sua implementação

Foi nesse contexto que surgiu o Plano Real, um projeto que buscava acabar com a inflação descontrolada e trazer estabilidade econômica. Sob a liderança do então Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, o plano foi desenvolvido ao longo de meses de estudo e debates.

Uma das medidas mais emblemáticas do plano foi a criação de uma nova moeda, o Real, que substituiu o cruzeiro real. Além disso, o projeto incluiu a âncora cambial, que fixava a taxa de câmbio do real em relação ao dólar (R$ 1 para U$ 1), e o controle rigoroso da emissão de moeda.

Foi o método que, de fato, funcionou após uma sequência de seis tentativas fracassadas de estabilizar os preços (Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão, Collor I e Collor II) ao longo de cinco anos.

Unidade Real de Valor (URV) antecedeu o real

Antes mesmo da criação do Real, como conhecemos hoje, foi criada a Unidade Real de Valor (URV), que basicamente preparou todo o terreno para a chegada da moeda atual do Brasil. A URV passou a ser utilizada em março de 1994 e foi substituída pelo real em julho do mesmo ano.

A URV era uma “quase-moeda”, que foi inspirada em um projeto escrito em 1984 pelos economistas Persio Arida e André Lara Resende. A ideia era minar a dinâmica de alta de preços criando um sistema que utilizaria ao mesmo tempo duas moedas: uma antiga, inflacionada, e uma nova, que teria o valor corrigido diariamente. No Plano Real, a unidade monetária que foi corrigida a cada dia foi a URV, inicialmente, e depois o real.

As atualizações e correções diárias da URV faziam com que fosse necessário cada vez mais cruzeiros reais para equiparar em uma unidade de URV — que era a moeda que ditava os preços das mercadorias e serviços. Ou seja, na prática um bem tinha o preço definido em URV, mas deveria ser pago em cruzeiro real, de acordo com a “cotação” do dia.

Esse mecanismo se mostrou bastante eficaz no combate à hiperinflação. Prova disso foi que a economia do País migrou de uma inflação muito alta, acima de 4.000% no acumulado de 12 meses, no dia da implementação do real, para 631% em janeiro de 1995 — apenas cinco meses após a adoção do real.

Vida longa ao real

Os resultados do Plano Real foram notáveis e imediatos. Em dezembro de 1995 a inflação era de 22% no recorte de 12 meses, uma realidade bem distinta dos tempos de hiperinflação e índices na casa dos milhares, algo que aterrorizava a vida dos brasileiros.

A partir da adoção do real o País pôde retomar o crescimento e dar início a um movimento de redução da desigualdade. O ambiente econômico, interno e externo, também se mostrou mais estável, o que contribuiu diretamente para a retomada dos investimentos no Brasil.

Hoje o Plano Real é lembrado como um ponto de virada na história da economia brasileira e o Real se consolidou como uma moeda forte e estável.

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Fontes: Poder360 | Valor Econômico | Terra