Câmbio e turismo: como a flutuação das moedas afeta os destinos turísticos

A relação entre câmbio e turismo é complexa e impacta diretamente a escolha de destinos, o poder de compra dos turistas e a economia local. A flutuação das moedas, que ocorre com base em uma série de fatores econômicos, políticos e sociais, pode alterar o fluxo de visitantes para diferentes países e afetar tanto as experiências dos viajantes quanto o rendimento do setor turístico.

Quando a moeda de um país se valoriza ou desvaloriza em relação a outras, a dinâmica do turismo pode mudar drasticamente. Entenda como essa flutuação pode afetar o comportamento dos viajantes e de destinos ao redor do mundo.

O impacto das flutuações cambiais no turismo

De acordo com o relatório de 2023 da OMT (Organização Mundial do Turismo), a flutuação cambial tem sido um dos principais determinantes no aumento da competitividade de destinos turísticos. 

• Países com moedas mais fracas atraem mais turistas internacionais devido à desvalorização de suas divisas, tornando os custos de viagem mais acessíveis. 

• Em contraste, a valorização de uma moeda pode reduzir a quantidade de turistas estrangeiros, como mostrado pela pesquisa do Banco Central Europeu, que apontou uma redução de 5,2% no número de visitantes na zona do euro em 2022, devido à valorização da divisa europeia frente ao dólar.

Em relação ao Brasil, a desvalorização do real quando comparado ao dólar tem levado a um aumento de turistas internacionais no país. Dados do Ministério do Turismo de 2024 revelam que o número de visitantes estrangeiros no Brasil cresceu 12,6% em comparação com o ano anterior.

Em contrapartida, o poder de compra dos turistas brasileiros diminuiu, com um aumento de 20% no custo das viagens internacionais no comparativo entre 2024 e 2023.

Desvalorização da moeda e o aumento no número de turistas

A desvalorização de uma moeda torna o destino mais acessível para turistas estrangeiros, resultando em um aumento no número de visitantes. Quando o real, por exemplo, se desvaloriza em relação ao dólar ou ao euro, as viagens internacionais tendem a ficar mais caras para os brasileiros. 

No entanto, turistas estrangeiros veem seus gastos no Brasil como mais vantajosos.

Esse fenômeno tem sido frequente em países que dependem do turismo internacional. Destinos de praia, grandes cidades ou até mesmo locais famosos, como o Brasil, tornam-se mais competitivos quando a moeda local está desvalorizada.

Entretanto, embora o número de turistas aumente, as empresas do setor podem enfrentar custos mais altos com insumos importados ou necessidade de manutenção de preços baixos, o que impacta a rentabilidade.

Valorização da moeda pode significar um turismo mais caro para os estrangeiros

Quando a moeda de um país se valoriza, o custo para turistas internacionais aumenta. Isso pode resultar em uma diminuição no número de visitantes estrangeiros.

A valorização de moedas, como o dólar e o euro, pode tornar destinos como os Estados Unidos ou a Europa mais caros para os brasileiros. Em momentos de dificuldades econômicas internas, o poder de compra dos turistas tende a ser reduzido.

Em destinos turísticos emergentes, o câmbio pode ser um fator de atração

A flutuação cambial pode beneficiar o turismo em mercados emergentes, o que torna alguns destinos mais acessíveis. Locais com moedas mais baratas em relação ao dólar ou euro, como países na América Latina, da Ásia e alguns destinos na África, viram um crescimento no número de turistas.

Leia mais: Veja 4 países onde o real é mais valorizado que a moeda local

Destinos de luxo 

Destinos turísticos de luxo, como Paris e Nova York, tendem a ser menos impactados pelas flutuações cambiais devido ao perfil de turistas com alto poder aquisitivo, que são geralmente menos sensíveis às variações das moedas.

No entanto, uma valorização excessiva da divisa pode tornar esses destinos mais caros. Em 2024, por exemplo, a alta do euro afetou a demanda por viagens de turistas norte-americanos para a Europa, elevando o custo de experiências de luxo, como hospedagens em hotéis cinco estrelas e refeições em restaurantes renomados.

Exemplo na prática: América Latina

O câmbio tem grande impacto nos fluxos turísticos regionais, especialmente na América Latina, onde as flutuações das moedas podem tornar determinados destinos mais atrativos para turistas de países vizinhos. A desvalorização do real tem tornado o Brasil mais acessível para argentinos, já que, com o peso em alta, seus custos de viagem no país se tornam mais vantajosos.

Já para turistas brasileiros, destinos como o Uruguai e o Paraguai, cujas moedas são mais favoráveis ao real, se tornam opções mais competitivas em relação a destinos como a Argentina, que perdeu sua posição de “destino econômico” devido à alta da inflação e dos custos de vida.

Leia mais: Argentina está cara? Descubra outras opções na América Latina 

Como se adaptar às flutuações cambiais? Veja algumas estratégias adotadas pelo setor de turismo

• Hedge cambial: compra antecipada de moeda para mitigar os riscos de variação.

Leia mais: Hedge cambial: saiba como funciona e como usá-lo | Blog 

• Segmentação de mercado: criação de ofertas diferenciadas para públicos com poder de compra distinto.

• Promoções e pacotes adaptáveis: oferecimento de pacotes de viagem que considerem as variações do câmbio.

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