Como avaliar o balanço de uma empresa para investir melhor

Comprar ações vai além de simplesmente admirar uma marca ou ser cliente de uma empresa para tomar a decisão de investir em ativos delas. Embora a simpatia possa despertar o interesse em se tornar uma espécie de sócio, o investidor responsável sabe que é necessário realizar uma análise mais aprofundada para fazer essa aplicação.

Entre os elementos essenciais para esse estudo estão o cenário econômico, como o crescimento do país, do setor, câmbio e tendências de consumo, e especialmente, os demonstrativos financeiros da empresa – sendo o balanço patrimonial o mais fundamental. Esses documentos permitem que o investidor avalie com mais segurança se é o momento certo de comprar, manter ou vender ações. 

O que é o balanço patrimonial

Empresas listadas na B3, a bolsa de valores brasileira, são obrigadas a divulgar suas Demonstrações Financeiras (DFs) trimestralmente. O balanço patrimonial, uma das principais peças dessas DFs, oferece um panorama mais assertivo da saúde financeira da organização. 

Ele é dividido em três categorias:

• Ativos: representam os bens e direitos da empresa, ou seja, tudo o que ela possui ou tem a receber. Isso inclui desde recursos disponíveis em caixa até investimentos em máquinas, propriedades e outros bens patrimoniais. Os ativos demonstram a capacidade de a companhia continuar operando e expandindo atividades. 

• Passivos: por outro lado, os passivos englobam as obrigações da empresa, como salários a pagar, impostos, dívidas e outras contas que precisam ser liquidadas. Essa é a esfera das responsabilidades financeiras da companhia, e a análise desse recurso ajuda a entender quanto a entidade deve e a capacidade de cumprir com esses compromissos. 

• Patrimônio líquido: é a diferença entre os ativos e passivos, sendo, basicamente, a riqueza da companhia. Ele reflete o capital disponível para remunerar os acionistas e reinvestir no negócio.

Uma empresa lucrativa tende a ver o patrimônio líquido crescer ao longo do tempo, o que gera mais retorno para os acionistas. Outro indicador importante derivado do patrimônio líquido é o ROE (Return on Equity, ou retorno sobre patrimônio líquido), que mede a rentabilidade da companhia. Ou seja, quanto maior o ROE, mais eficiente a instituição é em gerar lucro a partir dos recursos investidos.

A importância da demonstração de resultados (DRE)

Outro documento importante para investidores que procuram novas oportunidades é a demonstração de resultados do exercício (DRE). Ela detalha as receitas, despesas, custos e o lucro líquido de uma empresa ao longo de um período, normalmente trimestral ou anual. 

Três indicadores principais da DRE merecem destaque: 

• Receita líquida: corresponde ao total de ganhos da empresa com as atividades principais, como a venda de produtos ou serviços, já descontados impostos, devoluções e abatimentos. As companhias mais eficientes são aquelas que conseguem expandir as receitas utilizando a mesma base de ativos, o que é um sinal positivo para os investidores.

• Ebitda: o ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, reflete a capacidade operacional da empresa de gerar caixa. Ou seja, é um indicador importante para avaliar o desempenho real de um negócio sem a interferência de fatores financeiros e fiscais.

• Lucro líquido: é o saldo final após o desconto de todos os custos e despesas. É a partir desse dado que se calcula o famoso P/L (Preço/Lucro), um dos indicadores mais usados pelos investidores. O P/L compara o valor de mercado de uma ação com o lucro gerado pela empresa, ajudando a entender se a ação está “cara” ou “barata” em relação aos resultados apresentados.

Demonstração de fluxo de caixa (DFC)

Além do balanço patrimonial e da DRE, outro demonstrativo que merece atenção é a demonstração de fluxo de caixa. Esse relatório mostra todas as movimentações financeiras de uma empresa em um determinado período, dividindo-se em três categorias:

• operações
• investimentos
• financiamentos.

A DFC oferece uma visão clara das entradas e saídas de caixa, o que permite ao investidor entender como estão sendo gerenciados os recursos. Movimentações negativas persistentes no fluxo de caixa podem indicar problemas de liquidez, aumentando o risco de insolvência, isto é, de a empresa não conseguir cumprir com suas obrigações financeiras no futuro.

Atenção! Investidores devem estar atentos a sinais como geração de caixa negativa, dívidas elevadas com pouco caixa disponível e EV/Ebitda (valor da empresa sobre Ebitda) muito altos, especialmente quando esses fatores persistem por vários períodos consecutivos.

Técnicas de análise das demonstrações financeiras

Para realizar uma análise precisa das demonstrações financeiras, é possível recorrer a diferentes métodos, como, entre as principais técnicas utilizadas, a análise horizontal, a análise vertical, os indicadores econômico-financeiros e o diagrama de índices. Entenda o que são cada um:

• Análise horizontal: técnica que compara os resultados financeiros de uma empresa ao longo do tempo, identificando tendências de crescimento ou retração. Ela é útil para acompanhar a evolução desse índice em trimestres ou anos e permite ao investidor identificar padrões e tomar decisões mais embasadas.

• Análise vertical: nessa modalidade, o investidor observa o peso de cada item do balanço patrimonial dentro do resultado geral da empresa em um período específico. Isso ajuda a entender a relevância de diferentes componentes financeiros e como eles impactam os resultados globais da instituição.

• Indicadores econômico-financeiros: elementos como liquidez, margem operacional, rentabilidade e endividamento, são ferramentas fundamentais para avaliar a saúde financeira de uma empresa. Eles fornecem uma visão mais detalhada de como a instituição está performando em diferentes aspectos e ajudam a identificar potenciais riscos ou oportunidades de investimento.

• Diagrama de índices: muito utilizado para avaliar a rentabilidade de uma empresa, sendo que oferece uma visão gráfica da relação entre diferentes indicadores e facilita a compreensão da performance financeira e permitindo uma comparação rápida entre companhias do mesmo setor.

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Fonte: B3