O que é o investimento internacional?

Você sabia que é possível realizar investimentos internacionais mesmo estando no Brasil? O mercado brasileiro representa menos de 1% do setor global de ações e cerca de 2% nas aplicações em renda fixa, além de aproximadamente representar 3% do PIB mundial. Por isso, focar apenas no mercado doméstico pode limitar as oportunidades de diversificação e crescimento a longo prazo.

Aplicar internacionalmente permite que os investidores ampliem as possibilidades de retorno e protejam seus portfólios, por exemplo, contra riscos específicos do mercado brasileiro.

Investir em dólar vs. comprar dólar

Uma das primeiras distinções que precisam ser feitas ao se discutir investimentos internacionais é entre comprar moeda estrangeira e investir em ativos dolarizados. Comprar dólares ou qualquer outra moeda estrangeira não equivale a investir no exterior.

Adquirir moeda em espécie ou em forma de depósitos bancários é, essencialmente, uma aposta na valorização da moeda em relação ao real. Essa prática pode oferecer uma forma de proteção contra a desvalorização da moeda local, mas não oferece os mesmos benefícios de investir diretamente em ativos internacionais.

Aplicar em ativos dolarizados, por outro lado, significa alocar recursos em produtos financeiros de outros países, como ações de empresas listadas em bolsas estrangeiras, fundos de investimento globais, e títulos de renda fixa emitidos por governos e corporações fora do Brasil. Esses investimentos oferecem não apenas exposição cambial, mas também a oportunidade de participar do crescimento de empresas e setores específicos, que muitas vezes não estão disponíveis no mercado brasileiro.

Quando comprar dólar?

A compra de dólares ou outras moedas estrangeiras pode ser uma estratégia válida em momentos de incerteza econômica, tanto doméstica quanto global. Durante períodos de crise, instabilidade política, ou eventos que possam afetar negativamente a economia local, ter uma parte do portfólio em divisas estrangeira pode atuar como um hedge (estratégia de proteção financeira que reduz riscos de variações de preços ou taxas de câmbio), protegendo o valor do patrimônio contra a depreciação da moeda local.

Entretanto, essa estratégia deve ser utilizada com cautela, sendo que a volatilidade e a imprevisibilidade das taxas de câmbio fazem com que a compra de moeda estrangeira não seja uma solução de longo prazo para a maioria dos investidores. A menos que haja uma necessidade específica de utilizar a unidade monetária — como para viagens ou compras internacionais planejadas —, essa ação deve ser uma medida pontual e com objetivos bem definidos.

Quem pode investir internacionalmente?

Investimentos internacionais são acessíveis para diversos perfis de investidores, não sendo exclusivos para aqueles com grande capital ou expertise avançada.

Manter parte do patrimônio em ativos denominados em moedas fortes, como o dólar, pode proporcionar proteção contra incertezas econômicas e políticas. Em períodos de crises geopolíticas ou econômicas globais, os investidores tendem a buscar segurança em ativos considerados mais estáveis, como títulos do Tesouro dos Estados Unidos ou moedas fortes. Isso contribui para a valorização desses ativos e ajuda a proteger o valor do portfólio.

Além disso, investimentos internacionais permitem acesso a setores que podem ser sub-representados ou inexistentes na economia brasileira, como tecnologia, biotecnologia, e energia renovável. Ao investir globalmente, é possível se beneficiar de um mercado muito mais amplo, que vai além das limitações do mercado doméstico.

Por que e quando investir no exterior?

O conceito de “market timing”, ou seja, tentar prever o melhor momento para entrar ou sair de um investimento, é uma prática desaconselhada por muitos especialistas. Isso se aplica também aos investimentos internacionais.

O mercado global é vasto e complexo, e acertar o momento exato para investir é uma tarefa difícil, até mesmo para investidores experientes. Ao invés de tentar adivinhar o melhor momento para aplicar, os investidores devem focar em uma abordagem consistente e disciplinada, alocando regularmente parte do seu capital em ativos internacionais.

Embora possa fazer sentido aproveitar períodos de desvalorização do dólar para aumentar a exposição a investimentos internacionais, é importante lembrar que a volatilidade do câmbio é alta e imprevisível. Portanto, manter uma parte do portfólio posicionada em investimentos globais ajuda a equilibrar a relação risco-retorno, independentemente das flutuações de curto prazo da moeda.

Opções de investimento internacional no Brasil

Investir no exterior não exige necessariamente a abertura de uma conta fora do Brasil. Atualmente, existem várias alternativas disponíveis para investidores brasileiros acessarem o mercado global diretamente por meio de instituições financeiras nacionais. Abaixo estão algumas das principais opções:

Fundos Internacionais: são fundos que investem em uma diversidade de ativos globais, incluindo ações, títulos de renda fixa e outros produtos financeiros estrangeiros. Eles permitem que os investidores tenham exposição a diferentes mercados e setores internacionais.

ETFs (Exchange-Traded Funds): ETFs são fundos negociados em bolsa que replicam o desempenho de índices de mercado global. Esses fundos são uma maneira eficiente e de baixo custo para acessar uma ampla gama de mercados e setores internacionais. Saiba mais aqui.

BDRs (Brazilian Depositary Receipts): BDRs são certificados que representam ações de empresas estrangeiras e são negociados na bolsa brasileira. Eles permitem que os investidores brasileiros invistam em grandes companhias globais como Apple, Disney e Microsoft, sem a necessidade de transferir capital para o exterior.

Investimentos hedgeados vs. não hedgeados: aqueles que estão interessados em investir devem considerar se desejam exposição à variação cambial. Produtos não hedgeados oferecem exposição tanto ao desempenho dos ativos subjacentes quanto às flutuações cambiais, proporcionando uma proteção adicional contra a depreciação do real. Por outro lado, produtos hedgeados eliminam o risco cambial, focando apenas no desempenho dos ativos.

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Fonte: Valor Investe | Gov.br